A quarta dose da vacina contra a Covid-19 não deve ser aplicada por ora, afirmou Jarbas Barbosa, vice-diretor da Opas (Organização Pan-americana da Saúde), em entrevista coletiva nesta quarta (16).
“A discussão sobre quarta dose deve ocorrer, mas no momento correto, em um momento em que tivermos mais evidências”, disse.
Segundo Barbosa, a prioridade para o Brasil, no momento, deve ser viabilizar a terceira dose principalmente para grupos prioritários – idosos e imunossuprimidos, por exemplo – que ainda não tomaram o reforço vacinal.
O especialista explicou que esse desfalque na aplicação da terceira dose pode ser observado ao comparar dados da cobertura vacinal.
As informações mais recentes do consórcio de veículos de imprensa que acompanham a pandemia apontam que 71% da população já completou o esquema vacinal, mas somente 26% tomaram a terceira dose.
Barbosa também ressalta que é importante monitorar novas evidências sobre a eficácia da quarta dose das vacinas enquanto ocorre esse esforço de atender a população que ainda não tomou o esforço.
“Enquanto [aumentamos a cobertura da terceira dose], devemos analisar de maneira tranquila as evidências científicas sobre a quarta”, disse.
No Brasil, o Ministério da Saúde fez uma recomendação, no início de fevereiro, para aplicação da quarta dose em pessoas imunocomprometidas com mais de 12 anos.
Antes, essa indicação era direcionada somente para adultos desse grupo de risco.
Segundo nota veiculada pela pasta, o esquema vacinal para esse grupo é feito com três doses com intervalo de oito semanas entre elas. A quarta dose deve ser aplicada quatro meses depois.
A orientação não é de caráter obrigatório para estados e municípios. No estado de São Paulo, o governador João Doria (PSDB), por exemplo, afirmou que a quarta dose estaria disponível para os paulistas mesmo que o Ministério da Saúde não fizesse o mesmo para a população geral.
Outros países do mundo já autorizaram a quarta dose. É o caso de Israel, que optou pelo reforço no final de 2021.
Algumas pesquisas já investigam se essa administração tem reais efeitos positivos contra a pandemia. Uma delas foi feita pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e observou que a eficácia da terceira dose das vacinas da Pfizer e da Moderna diminui significativamente a partir do quarto mês, algo que pode ser um indicativo da necessidade de uma outra dose de reforço.
Outro estudo feito em Israel observou que a quarta dose não teria tanta eficácia contra a ômicron, variante que tem uma alta capacidade de disseminação e levou a novas ondas da doença ao redor do mundo.
Por conta disso, alguns especialistas já defendem que seria importante realizar atualizações ou desenvolver novas vacinas ao invés de optar pela estratégia de reforço constante. Especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde), por exemplo, já disseram que seriam necessários outros imunizantes que, além evitar quadros severos de Covid-19, conseguissem barrar a transmissão do vírus.
FONTE: BLOG DO GB PB