Investigadores da Polícia Federal e do Ministério Público da Paraíba (MPPB) acreditam que um imóvel de luxo do prefeito de São Mamede, Umberto Jefferson (União Brasil), em um condomínio fechado de Patos, no Sertão do Estado, possa ter sido financiado com recursos desviados através de processos licitatórios e contratos.
A informação consta na decisão do desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos, do Tribunal de Justiça da Paraíba, ao autorizar a segunda fase da Operação Festa no Terreiro 2, deflagrada nesta terça-feira (15). O prefeito Umberto foi preso preventivamente e afastado do cargo por tempo indeterminado.
“Há, ainda, elementos que indicam que um imóvel que está sendo construído em um condomínio horizontal na cidade de Patos seria de propriedade do prefeito, e que sua edificação, no todo ou em parte, estaria ocorrendo com dinheiro pago pelo investigado Josivan Gomes Marques, em conduta sugestiva de que os recursos destinados a esses pagamentos foram desviados através dos processos licitatórios e contratos sob investigação”
O Portal MaisPB teve acesso à ação movida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público da Paraíba. O documento é assinado pelo delegado Victor Arruda de Oliveira, da PF, e Octácio Paulo Neto, coordenador do Gaeco.
As provas apreendidas durante fases anteriores da investigação, apontam que o imóvel custou R$ 550 mil para uma uma área construída de 535m². O valor, no entanto, chamou atenção da Polícia Federal. Em um relatório concluído no mês de junho, a PF afirmou que a residência teria um custo bem abaixo do praticado no mercado.
“Levando-se em consideração o valor mais baixo apresentado pelo relatório no que diz respeito a valores de projetos residenciais de alto padrão, que é o caso da construção em questão, teremos então o valor de R$ 1.824,00 (mil oitocentos e vinte e quatro reais) por m². Levando-se em consideração que a obra em questão tem uma área total construída de 535,57m², teremos que o custo estimado da obra seria de R$ 976.879,68 (novecentos e setenta e seis mil, oitocentos e setenta e nove reais e sessenta e oito centavos), valor este, bem acima do que foi firmado em contrato (R$ 550.000,00)”, diz o documento datado em 05 de junho de 2023.
No decorrer do processo, ficou evidente, para os agentes, “a participação concreta do prefeito” Umberto Jefferson no esquema para desvio de recursos públicos em São Mamede. Assim como, ficou comprovado que Josivan Gomes Marques, também alvo de mandado de prisão preventiva, foi o responsável pela construção da mansão.
Uma conversa obtida pela Polícia Federal entre o prefeito com a esposa, Micaela Mota, em novembro de 2022, mostra que o gestor sertanejo indica que parte da obra seria custeada por Josivan
Para a Polícia Federal e o Ministério Público, esse é um diálogo suspeito. Já que ” contratação da obra foi feita por empreitada, não havendo nenhuma cláusula que desse a entender que parcela da obra constituísse pagamento de eventual dívida de JOSIVAN com UMBERTO JEFFERSON, representando um indício de que se tratou de uma das vantagens obtidas pelo prefeito a partir do desvio de recursos da licitação que é objeto da presente investigação”.
Em um dos diálogos identificados no celular de Gomes Marques, Umberto Jefferson cobrou a ele pelo atraso em uma obra ao “O Vilas não anda”. Acredita-se que ele esteja se referindo ao condomínio residencial Villas do Lago, em Patos/PB, residência do prefeito.
Fonte: Mais PB
Foto:Mais PB