A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, teve atuação decisiva na condução política e administrativa da resposta do governo federal à crise envolvendo fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que afetaram milhões de aposentados e pensionistas em todo o país.
Coube a Gleisi coordenar as articulações que resultaram na substituição do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), por Wolney Queiroz, além da troca no comando do INSS, com a nomeação de Gilberto Waller Jr. no lugar de Alessandro Stefanutto. As mudanças foram interpretadas como parte da estratégia do Planalto para conter os danos políticos e operacionais provocados pelo escândalo.
Na frente política, sob sua alçada direta, Gleisi negociou com o PDT a permanência da legenda na base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo com a saída de Lupi. O líder do partido na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), havia advertido que a exoneração do ministro poderia representar um rompimento da sigla com o governo. No entanto, a solução construída com a indicação de Wolney — então secretário-executivo da pasta e ex-deputado com bom trânsito no Congresso — preservou o espaço do partido na Esplanada e evitou maiores desgastes.
A decisão foi amadurecida ainda na quarta-feira (1º), e Lupi acabou entregando o cargo ao presidente Lula, divulgando uma carta pública na qual defendeu punição exemplar aos envolvidos nas fraudes investigadas pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Na seara administrativa, Gleisi também teve papel central na escolha de Gilberto Waller Jr. para comandar o INSS. A missão do novo presidente será dupla: calcular com precisão o prejuízo causado pelo esquema — que já é estimado em R$ 6,3 bilhões — e coordenar, ao lado da Advocacia-Geral da União (AGU), o processo de ressarcimento aos beneficiários lesados.
A crise no INSS representa um novo desafio para o Palácio do Planalto, especialmente em um momento em que a avaliação do governo Lula apresenta tendência de queda desde o início de 2025. A condução da resposta oficial também expôs fragilidades na estratégia de comunicação institucional, liderada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom), sob o comando de Sidônio Palmeira.
A atuação firme de Gleisi Hoffmann nas articulações políticas e na reorganização da estrutura do INSS reforça seu protagonismo dentro do governo e consolida seu papel na engrenagem que o presidente Lula pretende utilizar para viabilizar sua tentativa de reeleição em 2026 — plano que, segundo aliados, já vem sendo discutido abertamente em reuniões com parlamentares da base.
Fonte: Fonte83
Foto: Ricardo Stuckert