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‘China oferece mais oportunidades e menos riscos ao Brasil’, diz Celso Amorim em meio à guerra comercial dos EUA

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O ex-chanceler e assessor especial do presidente Lula (PT) para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, alertou que o aumento de tarifas comerciais promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa um risco severo ao sistema multilateral de comércio internacional. Em entrevista ao jornal O Globo, Amorim destacou que a ruptura dessa estrutura global — uma das bases da diplomacia brasileira — pode trazer prejuízos significativos ao país e ao equilíbrio econômico mundial.

“O grande risco nisso tudo é o sistema multilateral”, afirmou o ex-chanceler. Segundo ele, a estratégia de Trump não se limita a atingir países individualmente com tarifas específicas, mas sim a enfraquecer o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC), incentivando negociações bilaterais em detrimento das regras coletivas que regem o comércio internacional. “Essa quebra do multilateralismo está expressamente dita na nota da Casa Branca”, alertou Amorim.

Comparações históricas e alerta para consequências globais – Durante a conversa, realizada no Palácio do Planalto, Amorim traçou paralelos históricos com o protecionismo da década de 1930, que culminou na Grande Depressão e, indiretamente, alimentou os conflitos da Segunda Guerra Mundial. Ele apontou que, embora não se trate de uma repetição exata dos eventos do século passado, os riscos de uma nova crise econômica global são reais.

“Obviamente criou uma tempestade global, os mercados despencaram. E continuam muito instáveis”, disse. “Até mesmo os Estados Unidos podem cair numa recessão, aliás, o país é o principal ameaçado. É isso que eu temo.”

Brasil, BRICS e reposicionamento estratégico – Amorim reforçou que, diante desse cenário, o Brasil deve se afirmar como uma voz independente e articuladora no cenário internacional, especialmente por meio de blocos como os BRICS. Ele vê a América Latina como uma região com grande potencial de influência por meio do que chamou de “soft power”. “A reafirmação de que somos uma zona de paz e que não vamos estar envolvidos em um conflito é importante”.

Ao falar sobre a presidência brasileira no BRICS, Amorim antecipou que uma moeda comum do bloco está “fora da agenda”, embora admita discussões em torno do uso de moedas locais para facilitar o comércio.

China e Rússia como parceiros estratégicos – O assessor presidencial defendeu com veemência a intensificação das relações do Brasil com a China e a Rússia. Ele acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens a Pequim e Moscou nas próximas semanas. Para Amorim, o relacionamento com esses países é uma resposta pragmática ao novo contexto global, marcado pela retração dos investimentos dos Estados Unidos.

“A China tem hoje uma disponibilidade de recursos para investimento no exterior que os Estados Unidos não têm. É uma questão pragmática. A China hoje oferece mais oportunidades ao Brasil e menos riscos”, avaliou.

Segundo Amorim, o Brasil possui um superávit comercial expressivo com os chineses, ao contrário do déficit acumulado com os americanos, especialmente quando considerados serviços e propriedade intelectual. Essa realidade, segundo ele, deve estar presente nas futuras negociações bilaterais.

Defesa do multilateralismo e conquistas históricas – Ao defender o sistema multilateral, Amorim lembrou vitórias importantes obtidas pelo Brasil em fóruns internacionais, como no caso do algodão contra os EUA, do açúcar contra a União Europeia e da legitimação do uso de medicamentos genéricos. “Tudo isso foi no âmbito multilateral. Quando a gente fala do âmbito multilateral, não é uma religião, é uma coisa prática”.

Diante da escalada protecionista norte-americana, ele reconheceu que há nos próprios Estados Unidos setores empresariais e econômicos que começam a questionar os efeitos das medidas adotadas por Trump. “De qualquer maneira, deu uma sacudida forte aqui”, comentou.

Fonte: Portal WSCOM

Foto: Joana Berwanger

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