WILLIAM BARROS
FORTALEZA, CE (FOLHAPRESS) – De olho nas eleições deste ano, o Twitter anunciou nesta segunda-feira (4) um pacote de iniciativas específicas para o pleito no Brasil. A plataforma usará etiquetas para identificar perfis de candidatos, adotará nova política para proteger o debate em torno da campanha e fará curadoria de tuítes com informações confiáveis nos “Moments”, com seção especial sobre as eleições.
Os novos recursos serão detalhados e atualizados em uma página especial na aba Central de Ajuda, no intuito de dar mais transparência às ações adotadas pela rede. O Twitter também promoverá campanhas educativas, a partir de julho, sobre como identificar e lidar com desinformação, além de dar dicas de regras e funcionalidades da plataforma.
Boa parte dessas novidades já foi adotada nas eleições dos Estados Unidos, em 2020. A chegada dos novos recursos ao Brasil é fruto da adesão da big tech ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que prevê esforços das principais redes sociais no combate à disseminação de fake news no processo eleitoral de 2022.
Para garantir que os projetos relacionados ao pleito sejam executados com máxima prioridade, o Twitter reforçou suas equipes e investiu em contratações como a da nova líder da área de Políticas Públicas: a advogada Daniele Kleiner Fontes, que deixou o Facebook após quase sete anos gerenciando projetos de segurança na rede de Mark Zuckerberg.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Kleiner explica que os novos recursos são uma camada extra de proteção às ações que o Twitter já executa.
“Eleições são a melhor justificativa para a gente ter essa camada extra. O objetivo primordial é garantir que o debate no Twitter não prejudique o exercício e a responsabilidade das pessoas em relação ao voto.”
Por meio de informações públicas fornecidas pelo TSE, a plataforma aplicará rótulos para sinalizar que um perfil pertence a um candidato. O usuário poderá saber ainda a qual cargo o dono daquela conta está concorrendo. A princípio, as etiquetas serão vistas nos perfis de quem disputa cargos a nível federal (presidente, senador e deputado federal). O rótulo não é opcional e não poderá ser removido.
Kleiner explica que o objetivo da sinalização é facilitar o diálogo entre candidatos e eleitores. “A gente sabe que o Twitter é um lugar muito importante para as pessoas seguirem seus candidatos, saberem quais são as prioridades deles e questioná-los sobre temas com que eles se importam. Então, a gente quer facilitar essa conexão.”
Além de políticas permanentes, como as que combatem propagação de ódio e desinformação sobre a Covid-19, a plataforma adota agora a chamada Política de Integridade Cívica. Apesar de ser específica para um evento cívico, ela pode continuar em vigor mesmo após o fim do calendário eleitoral, caso o Twitter julgue necessário.
Pela regra, a rede poderá sinalizar e reduzir a visibilidade de tuítes que incentivem usuários a não votar, prejudiquem a confiança das pessoas nas urnas ou induzam eleitores ao erro durante o processo.
“Informações do tipo ‘não importa qual número você digite, que o voto vai sempre para o candidato X, porque as urnas eletrônicas não são confiáveis’. Esse é o típico exemplo de quando nós vamos tomar ação”, exemplifica Kleiner.
A representante do Twitter reforça que nem todo conteúdo falso é removido da rede. Por lá, a regra é fazer uma abordagem educativa.
“Estudos apontam que quando as pessoas compartilham uma informação falsa é porque elas se identificaram com aquilo. A mera remoção daquele conteúdo não gera uma oportunidade educacional. Com informações confiáveis, confrontando aqueles rumores, é uma oportunidade de que as pessoas aprendam algo e possam frear esse tipo de circulação.”
Essa política já é vista em outro recurso lançado pela plataforma no início deste ano, o botão para denúncia de conteúdo falso. A ferramenta já está em seu quarto mês de testes no Brasil e foi disponibilizada após uma série de protestos por parte dos usuários. São frequentes as reclamações da comunidade de que muitos posts delatados não são retirados do ar.
No caso do botão, o Twitter explica que não analisa todas as denúncias e não pode responder a todas elas durante o experimento. A rede afirma ainda que, antes de o teste estar disponível no Brasil, 90% do que era relatado em outros mercados não violava políticas e, às vezes, nem era desinformação.
Assim como já é feito com informações sobre a Covid-19, o Twitter utilizará postagens de fontes confiáveis para contextualizar e contrapor fake news sobre as eleições. Esse trabalho de curadoria poderá ser visto na aba Explorar, de Tendências e na área de buscas. Todo o conteúdo será reunido em uma seção especial sobre eleições.
Além dos novos recursos implantados na plataforma, o Twitter realizará treinamentos para os funcionários do TSE e dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais). O objetivo é garantir que todos entendam as funcionalidades e ferramentas da plataforma.
Formações sobre boas práticas e segurança no Twitter também devem contemplar jornalistas em diferentes regiões do Brasil, organizações da sociedade civil, partidos políticos, autoridades e agências de checagem de fatos.
FONTE: PARAIBA ONLINE