MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem dito a aliados que não deve disputar as eleições deste ano.
O sinal mais recente de que a candidatura esfriou é que o filho mais novo do ministro, Antônio Cristóvão Neto, 22, planeja tentar uma das vagas da Paraíba na Câmara dos Deputados. O partido do filho de Queiroga é o PL, o mesmo do presidente Jair Bolsonaro.
Comandada pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), a legenda tem atraído apoiadores do presidente, que foi de crítico a aliado do centrão durante o mandato.
Queiroga chegou a avaliar se candidatar e conversou com líderes de PL, PP e Republicanos, mas aguardava um aceno de Bolsonaro. Sem apoio público do presidente, optou, por enquanto, por não disputar as eleições e permanecer na Saúde.
Estudante de medicina em universidade da Paraíba, Neto tem acompanhado agendas do pai em Brasília desde o ano passado.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, mesmo sem oficialmente integrar as comitivas, o estudante esteve em pelo menos uma viagem de Queiroga e em outra do ministro do Turismo, Gilson Machado. Os deslocamentos foram feitos em aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira).
Neto publicou, em 2021, foto nas redes sociais ao lado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP). “Sempre bom desfrutar da companhia do meu amigo”, escreveu o estudante.
Desde o fim do ano passado Queiroga sinaliza a aliados que deseja permanecer no governo e que o candidato da família é o filho.
Para se agarrar ao cargo na Saúde, Queiroga aposta em agrados ao presidente. O médico alterna, em discursos, elogios à compra e entrega das vacinas com acenos à ala bolsonarista que duvida da segurança e eficácia da imunização.
Queiroga chegou a propor suspender a vacinação de adolescentes e abriu espaço a representantes do movimento contrário à imunização contra Covid antes de liberar as doses para crianças.
Na quarta-feira (2), Queiroga disse ser um “quadro técnico do que vocês gostam de chamar de bolsonarismo”.
Líderes do centrão que estiveram com o ministro e Neto dizem que o estudante é “fanático” por política e já pensava em se candidatar mesmo antes de o pai chegar a Brasília. Assim como Queiroga, Neto é militante bolsonarista.
Em outubro de 2020, ele recepcionou e fez fotos com o presidente e alguns ministros no aeroporto de Campina Grande (PB), antes de Queiroga se tornar ministro.
Queiroga terá de deixar o governo até o começo de abril se decidir se candidatar, quando se encerra o prazo para desincompatibilização do cargo para disputar as eleições.
Mesmo se o ministro mantiver a escolha de seguir na Saúde, a cúpula da pasta deve ter mudanças por causa do pleito deste ano.
Isso porque a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, filiou-se ao PL para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Ceará.
“Começando uma nova história a serviço do Brasil”, escreveu a médica bolsonarista, ao lado do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, em publicação nas redes sociais.
Mayra ficou em quarto lugar na disputa pelo Senado no Ceará em 2018, quando estava filiada ao PSDB. Depois, ainda teve passagem pelo Partido Novo.
A secretária é conhecida como “capitã cloroquina” por ser líder de ala do governo que defende o uso de medicamentos sem eficácia para a Covid-19.
O PL tem atraído apoiadores de Bolsonaro. O comandante da Força Nacional de Segurança Pública, coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, também se filiou, ao lado de Mayra. Ele é marido da deputada Carla Zambelli (SP), que deve migrar do PSL para a legenda de Valdemar.
Na terça-feira (1º), o PL divulgou nota afirmando que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o secretário de Cultura, Mario Frias, vão se filiar ao partido “nos próximos dias”. Eduardo só poderá entrar na legenda durante a chamada janela partidária, de 3 de março a 1º de abril.
O cantor Netinho, bolsonarista ligado à classe artística, já assinou a entrada no PL e avalia disputar uma vaga na Câmara dos Deputados pela Bahia.
O ministro Queiroga esteve no Republicanos, mas nunca disputou eleições. Segundo aliados, ele não descarta entrar agora no PL, mesmo que permaneça na Saúde.
Na quarta, o ministro evitou responder à imprensa se será candidato neste ano. Disse que “quer ser reconhecido como o ministro que acabou com a pandemia da Covid-19”.
“O presidente me deu uma missão. Estou aqui cumprindo”, afirmou. “Sou médico há mais de 30 anos, nunca militei na vida política partidária”, declarou ainda.
FONTE: PARAIBA ONLINE