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Idosa recebe alta depois de 7 meses internada com Covid, transplante de fígado e 5 intubações em SP

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Uma idosa de 67 anos recebeu alta do hospital depois de ter ficado sete meses internada para tratar a Covid, passado por um transplante de fígado e cinco intubações. Natural de Manaus, no Amazonas, a bioquímica Aída Younes saiu do Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo, no dia 18 de junho. As informações são do G1.

No período que passou na unidade de saúde, ela foi submetida a 12 infecções sistêmicas e teve insuficiência renal e falência hepática do fígado.

“Foram cerca de cem dias de intubação. O índice de óbito de uma infecção sistêmica é de 60% dos pacientes. Ela teve mais de dez infecções. Mas a Aída tinha uma força de reação e de vontade de viver que surpreendeu todo o hospital”, afirmou Ludhmila Hajjar, médica intensivista que tratou a amazonense.

De acordo com a profissional da Saúde, o caso de Aída Younes foi um dos mais desafiadores da carreira da cardiologista. “Renovei minha fé na Medicina e com certeza é um caso que me fez uma médica melhor”, disse.

CHEGADA A SÃO PAULO

A paciente desembarcou à cidade de São Paulo em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea de emergência. Ela chegou à capital paulista com quase 100% dos pulmões comprometidos pela doença, e passou 47 dias em uma situação considerada muito delicada.

Depois de ter se recuperado, a equipe médica resolveu liberá-la no dia 31 de dezembro, no Réveillon. No entanto, na data, ela teve indisposição gástrica e começou a  ficar amarela. Sinal de complicações no fígado que só a biópsia viria a confirmar.

“Fizemos a biópsia e detectamos uma doença rara, uma complicação da Covid rara, mas fatal na maioria dos casos. O coronavírus tem uma pré-disposição para atacar os vasos e nesses casos ele ataca os vasos do fígado, inflamando e dando trombose. Então, o sangue não chega no fígado e ele vai enfraquecendo até a falência”, pontuou a médica intensivista que coordena a equipe responsável pela paciente manauara.

TRANSPLANTE DE FÍGADO

O quadro clínico dela voltou a piorar, e a bioquímica teve de ser intubada novamente. Contudo, a solução para salvá-la era o transplante de fígado.

Ela entrou para a fila do transplante e, devido à gravidade do caso, foi contemplada com um fígado novo em 48 horas.

“Do ponto de vista técnico, nós fizemos o transplante convencional, habitual. Mas nós tínhamos que ser rápidos porque era uma doente muito grave, muito instável e se tivesse qualquer intercorrência um sangramento ou alguma disfunção essa paciente não suportaria. Aquele momento pra nós, foi um momento muito marcante”, destacou o cirurgião do aparelho digestivo, Luis Carneiro D’Albuquerque.

Legenda: Aída Younes, de 67 anos, e a irmã Penha YounesFoto: Arquivo pessoal

COMPLICAÇÕES

A cirurgia para fazer o transplante de fígado foi bem sucedida, mas surgiram complicações depois da operação, como hemorragia e infecções, bem como desnutrição e falência temporária dos rins.

“Ela fez 40 sessões de hemodiálise entubada. É uma situação tão incomum que não está na literatura. Mas sempre que a gente achava que ela não resistiria porque estava muito fraca, ela reagia. E reagia nos momentos mais importantes, o que nos animava a não desistir dela e apostar na força dela em se recuperar”, relatou Ludhmila Hajjar, emocionada.

Para a cardiologista, o caso de Aída Younes serve para mostrar que a enfermidade causada pelo novo coronavírus não deve ter tratada com um manual, ou livros de Medicina, mas compreendendo ainda a dinâmica pessoal de cada paciente.

“Nessa pandemia já acompanhei mais de mil pacientes. E o caso da Aída pra mim ficou muito cristalino que o foco do tratamento tem que ser no paciente, não especificamente na doença. Os americanos já trabalham bastante com esse entendimento de Patients-centered care. E sem dúvida os papos que tive com a paciente intubada e com a família dela também foram importantes para essa recuperação”, contou.

Idosa com Covid recebe alta do hospital
Legenda: Aída Younes recebeu alta do hospital no dia 18 de junhoFoto: Reprodução/TV Globo

“Eu conversava com ela, avisava dos próximos passos do tratamento e pedia para ela reagir, para que a gente não precisasse fazer a traqueostomia. Mesmo meio sedada, ela respondia que não queria e reagia em questões de horas”, lembrou a médica intensivista.

PACIENTE RECEBEU ALTA

Quase sete meses depois de ter sido levada para São Paulo para tratar a doença, Aída Younes recebeu alta do hospital e saiu da unidade de saúde aplaudida pela equipe médica.

A irmã dela, Penha Younes, que saiu de Fortaleza, no Ceará, para acompanhar a idosa durante o período de internação, empurrou a cadeira de rodas da bioquímica.

Na saída, Aída Younes agradeceu aos profissionais da Saúde e, especialmente, aos doadores de órgãos do Brasil.

“Agradeço imensamente. Eu digo para as pessoas que serem doadores é melhor a coisa do mundo, só assim eu estou falando e outras pessoas poderão se salvar também”, afirmou.

ANIVERSÁRIO NO HOSPITAL

Ela fez 67 anos no hospital e, antes de voltar para a rotina com o marido e com o filho, em casa, ainda precisa ficar um mês em São Paulo para se recuperar e viajar para Manaus.

Além da família e dos amigos, a equipe médica da unidade de saúde que a acompanhou nos últimos sete meses torce pela recuperação dela.

“Se fosse um residente, ele teria se formado só atendendo o caso dela, tamanha a complexidade e a quantidade de complicações que ela teve. Mas a Aída foi muito guerreira e inspiradora. Saiu do hospital com meio litro de oxigênio, mas na consulta seguinte já conseguia respirar sozinha. A recuperação da Aída nos deu força e ânimo para continuar lutando por outros pacientes”, disse Ludhmila Hajjar.

FONTE: DIARIO DO NORDESTE

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